Uma Casinha Pobre

10 06 2015

O nosso ultimo texto foi “A Maior Herança”.

Veja hoje a nossa nova mensagem:

Nasci, cresci e vivo até hoje numa casinha pobrezinha que herdei de meus pais. Meu pai foi um homem de princípios e muito responsável. Ele tentou me ensinar a ser um homem educado. Minha mãe sempre me dizia que a gente não procura a pessoa certa, que a gente se encontra.

Ela dizia para mim que um dia eu encontraria uma moça que ia sorrir para mim e que o meu coração bateria forte, e nunca mais eu viveria sem ela.

Numa manhã de domingo, fugi de minhas rotas diárias e encontrei-me a caminhar por um novo bairro, o qual eu não tinha motivos para ir.

Em minha caminhada sem sina, chamou-me a atenção os muros verdes de um jardim, pois com o findar da primavera as flores da época já não floresciam mais, e no desenrolar do verão o mormaço desmanchou as ultimas pétalas ainda rubras das rosas da praça central.

Eram meados de março, as folhas já secas caíam vagarosamente, a sempre triste e belíssima cena de outono se repetia mais uma vez. Neste dia, porém, o que eu via por sob um muro fez-me interromper a caminhada. E me debruçando sobre ele, quase pasmo fiquei, contemplando tamanha beleza.

As flores plantadas estrategicamente próximas as cerejeiras não recebiam o ardente sol da metade do dia, e ao findar da tarde às sombras do altivo muro de concreto ludicamente embelezado pelas ipoméias-rubras que o cobria, os belos lírios amarelo-fulgazes descansavam suas pétalas. A graça e o capricho visível naquele jardim faziam qualquer um lembrar-se das obras de Deus, que são sempre tão perfeitas; e o que vi em seguida, me fez ter mais certeza.

Ao fundo do quintal, uma simples casinha abria suas janelas, e logo a porta também ficou aberta, deixando passar por ela o que eu podia jurar, – Era um anjo!

Ao me ver, rapidamente veio em minha direção, e eu, ainda tímido por ser pego sob seu muro, fui logo me desculpando e disse-lhe que não se preocupasse, pois estava apenas a admirar seu jardim.

Receosa e com toda tranquilidade do mundo deu uns minutos de seu precioso tempo, indaguei-a sobre o jardim, se ela mesma quem cuidara e fizera daquele lugar aquele pedaço do céu. Ela viu em minhas palavras a inocência e eu em seu sorriso contemplei a pureza que havia em sua alma. O meu coração bateu forte.

Senti o céu pairar sobre a minha cabeça, senti a terra sair de baixo dos meus pés, flutuei no espaço, tamanha foi a emoção que senti do amor, pela primeira vez. E meu coração bateu forte! E como bateu! (Ai mãe, me lembrei de ti).

Perguntei se poderia voltar para contemplar o seu jardim em outro domingo, e ela apanhou uma margarida e estendeu a mão pra mim, esta foi sua resposta, juntamente com seu olhar e um lindo sorriso.

Lembrei de minha mãe, e sua profecia que se cumpria.

Herança, o ressoar dessa palavra faz-nos pensativos. Quem é que não gostaria de deixar uma bela herança para seus filhos?

Sou filho único e com vinte e oito anos tornei-me órfão de pai e mãe. Meu pai não me deixou um luxuoso apartamento, um carro possante, ou fortunas para esbanjar; ao invés disso, deixou-me uma casinha bem pobrezinha e junto a ela, recebi as maiores heranças que qualquer um poderia receber… (Oi mãe, oi pai, saudades…)

         Onze anos se passaram e hoje, o anjo que encontrei naquele belo jardim é a rainha do meu lar, aquela quem enriquece a minha casinha pobrezinha, a mais bela herança que Deus me deu.

 

Até a próxima, se Ele assim permitir! 

09/03/2015

Jair Garcia Martins


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